quinta-feira, 8 de julho de 2010

O QUEIJO

Esta historia é realmente inacreditável!
Ocorreu com um amigo meu o Dr. Wilson um pediatra de mão cheia, com larga experiência no trabalho em Pronto Atendimento.
Ocorreu no PA da vila Juanisa no Jardim Ângela, para quem não conhece, esse equipamento de saúde fica na região periférica da cidade de São Paulo, local de maior índice de criminalidade e violência.
Foi o primeiro e penúltimo plantão do Dr. Wilson neste PA! Era pleno verão bravo em Sampa o PA estava, como de costume, apinhado de gente para ser atendida.
O Wilson trabalhava a pleno vapor e gritou o "fatídico" : - O próximo!
Entrou no consultório um homem atarracado, bravo e mal encarado e foi logo disparando: - Doto meus três filhos que estão com uma caganeira dos diabos e vomitando até as tripas.
Com seu tino aguçado Wilson já visualizou encrenca e começou a ficar inquieto esperando as crianças entrarem no consultório e nada das crianças entrarem.
Verão, diarreia e vómitos intensos no meio de toda aquela pobreza podia ser uma formula fatal para três pobres crianças.
- Pai onde estão as crianças para eu vê-las?
- Estão em casa respondeu aquela "peça rara".
- Como em casa? Preciso vê-los.
O pai foi então tirando de dentro de uma pasta de curvim velha e surrada um queijo do tipo meia cura, bem fedido e foi direto ao "assunto": - Doto eu vim aqui que é pro sinhô examinar esse queixo e saber se foi ele que fez mal aos meus filhos. Pois se foi ele vou matar aquele filho da puta que me vendeu o queijo.
Era uma situação bem nova para o Dr. Wilson, pois não tinha lido em nenhum manual de pediatria coisa parecida. Foi preciso muito jogo de cintura para acalmar aquele pai e explicar que focinho de porco não é tomada.
Crianças e pediatra sofrem, não é?

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